A pedra no rim, também conhecida como cálculo renal ou litíase renal, é uma doença muito comum, causada pela cristalização de sais mineiras presentes na urina. Eles começam bem pequenos e vão crescendo progressivamente, podendo atingir grandes proporções, em referência às dimensões dos rins. Incidem mais nos homens que nas mulheres.
A crise de cólica renal é um dos eventos mais dolorosos que um paciente pode experimentar durante a vida. A dor causada pelo cálculo renal é muitas vezes descrita como sendo pior do que a de um parto, fratura óssea, ferimentos por arma de fogo ou queimaduras.
Nem sempre é possível saber a causa da formação dos cálculos renais. Embora se saiba que certos alimentos favoreçam a sua formação em pessoas susceptíveis, parece que nenhum alimento específico causa cálculos renais em pessoas não susceptíveis. Porém, pacientes que costumam desenvolver cálculos bebem, em média, menos 300 a 500 ml de água por dia quando comparados com pessoas que nunca tiveram pedra nos rins.
Outros fatores relacionados à formação de cálculos são as infecções, transtornos bioquímicos ou do fluxo urinário e algumas perturbações metabólicas sistêmicas. Algumas medicações à base de cálcio (diuréticos e antiácidos, por exemplo), também parecem aumentar a chance da formação de “pedras nos rins”. A inflamação crônica do intestino é outro fator que pode favorecer a formação de cálculos renais.
Pessoas que já tiveram pelo menos um episódio de cálculo renal ou que tenham história familiar de pedras no rim devem urinar pelo menos 2 litros por dia. Uma urina bem diluída tem odor fraco e coloração bem clara, quase transparente. Se a sua urina está muito amarelada, isto indica desidratação. Em relação à dieta, existem alguns hábitos que podem aumentar a incidência de pedras nos rins, principalmente se o paciente já tiver concentrações de cálcio na urina mais elevadas que a média da população. Dietas ricas em sal, proteínas e açúcares são fatores de risco. Outros fatores de risco para o surgimento de cálculos são: obesidade, idade acima de 40 anos, hipertensão, gota, diabetes, ser do sexo masculino e ganho de peso muito rápido.
Muitos pacientes possuem pedras nos seus rins e não apresentam sintoma algum. Se a pedra se formar dentro do rim e ficar parada dentro do mesmo, o paciente pode ficar anos assintomático. Muitas pessoas descobrem o cálculo renal por acaso, durante um exame de imagem abdominal, como ultrassom ou tomografia computadorizada, solicitados por qualquer outro motivo.
Pedras muito pequenas, menores que 3 milímetros (0,3 centímetros), podem percorrer todo o sistema urinário e serem eliminadas na urina sem provocar maiores sintomas. O paciente começa a urinar e de repente nota que caiu uma pedrinha no vaso sanitário.
O sintoma clássico do cálculo renal, chamado cólica renal, surge quando uma pedra de pelo menos 4 mm (0,4 cm) fica impactada em algum ponto do ureter (duto que leva a urina do rim à bexiga), causando obstrução e dilatação do sistema urinário.
A cólica renal é habitualmente uma excruciante dor lombar, que costuma ser a pior dor que o paciente já teve na vida. A cólica renal deixa o paciente inquieto, se mexendo o tempo todo, procurando em vão uma posição que lhe proporcione alívio. Ao contrário das dores da coluna, que melhoram com repouso e pioram à movimentação, a cólica renal dói intensamente, não importa o que o paciente faça. Por vezes, a dor é tão intensa que vem acompanhada de náuseas e vômitos. Sangue na urina é frequente e ocorre por lesão direta do cálculo no ureter.
A cólica renal costuma ter três fases:
1- A dor inicia-se subitamente e atinge seu pico de intensidade em mais ou menos 1 ou 2 horas.
2- Após atingir seu ápice, a dor da cólica renal permanece assim por mais 1 a 4 horas, em média, deixando o paciente “enlouquecido” de dor.
3- A dor começa a aliviar espontaneamente e ao longo de mais 2 horas tende a desaparecer.
Em alguns desafortunados, o processo todo chega a durar mais de 12 horas, caso o mesmo não procure atendimento médico. Se a pedra ficar impactada na metade inferior do ureter, a cólica renal pode irradiar para a perna, grandes lábios ou testículos. Também é possível que a pedra consiga atravessar todo o ureter, ficando impactada somente na uretra, que é o ponto de menor diâmetro do sistema urinário. Neste caso a dor ocorre na região pélvica e vem acompanhada de ardência ao urinar e sangramento. Muitas vezes o paciente consegue reconhecer que há um pedra na sua uretra, na iminência de sair.
Geralmente, pedras menores que 0,5 cm costumam sair espontaneamente pela urina. As que medem entre 0,5 e 0,8 cm têm dificuldade de serem expelidas. Podem até sair, mas custam muito. Cálculos maiores que 0,9 cm são grandes demais e não passam pelo sistema urinário, sendo necessária uma intervenção médica para eliminá-los.
Estes cálculos grandes podem ficar parados no ureter, provocando uma obstrução à drenagem da urina e consequente dilatação do rim, a qual damos o nome de hidronefrose. A urina não consegue ultrapassar a obstrução e acaba ficando retida dentro do rim. As hidronefroses graves devem ser corrigidas o quanto antes, pois quanto maior o tempo de obstrução, maiores as chances de lesões irreversíveis do rim obstruído.
Quando há cólicas as dores são muito sugestivas. Mas elas podem ser menos típicas e há mesmo cálculos que permanecem sem gerar sintomas por longos períodos, ou mesmo definitivamente, o que não é infrequente. Exames de imagens como radiografias ou ultrassonografias podem indicar a presença de cálculos. Exames um pouco mais sofisticados, como a urografia excretora, podem ajudar na localização dos mesmos. Se for necessário, exames de tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética podem completar o diagnóstico.
Tratada a dor intensa da cólica renal, o passo seguinte deve ser a remoção do cálculo. Se ele é detectado antes da cólica, deve ser removido preventivamente. Um recurso simples, para auxiliar na prevenção da formação de cálculos e na eliminação deles é o aumento da ingestão de água. Isso, contudo, não deve ser feito durante as cólicas porque aumentaria a produção de urina, que encontraria obstruídas as vias urinárias. Anos atrás, os cálculos renais que não eram eliminados espontaneamente só podiam ser retirados por meio de cirurgia; atualmente, busca-se quebrá-los em partículas menores, capazes de serem carregadas pela urina. Para fazer isso, usam-se diferentes formas de energia (eletricidade, ultrassom, raio laser e impactos mecânicos). A litotripsia extracorpórea, por exemplo, usa ondas de choque que atravessam o corpo do paciente e procuram atingir o cálculo, para fragmentá-lo. As pedras nos rins também podem ser retiradas através de endoscópios, finos tubos que possuem iluminação na extremidade e que são introduzidos na árvore urinária a partir da uretra. Outra técnica de tratamento é por meio da nefrolitotomia percutânea. Por ela, um tubo rígido é colocado no rim através da pele e por ele são retiradas as “pedras”. Outro método, ainda, que pode ser utilizado é a laparoscopia, um procedimento cirúrgico minimamente invasivo realizado sob efeito de anestesia.
O processo de formação de cálculos renais é permanente. Quem já sofreu uma cólica renal quase provavelmente sofrerá outra(s). A melhor maneira de prevenir os cálculos renais é aumentar a ingestão de água. Os cálculos renais duradouros, mesmo se assintomáticos, podem gerar dilatação e deformidade da árvore urinária e dos rins e infecção urinária.